Difusão do acervo traz pesquisadores ao Museu

Mostrando o alcance da divulgação do acervo do Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp), através do trabalho realizado pelas diferentes ferramentas de divulgação, a instituição recebeu uma demanda de pesquisa relacionada às bonecas que compõem a materialidade preservada pelo Madp. Essa pesquisa auxiliará Laura Beatriz Metz Martins, 1ª Prenda Mirim da 9ª Região Tradicionalista, em uma das provas que ela precisará realizar em maio de 2024, quando representará a região na "53ª Ciranda Cultural de Prendas", em sua fase estadual, na cidade de Porto Alegre.

Linara Letícia Metz Martins, mãe de Laura, acompanhou a pesquisa desenvolvida na Sala de Pesquisas do Museu e comentou que procurou o Museu após ver o conteúdo publicado na Coluna do Madp, pelo Jornal da Manhã, que contava a história de uma boneca de porcelana, objeto preservado pela instituição. Como o tema da pesquisa era sobre as bonecas, eles logo se dirigiram ao Museu. Linara destaca que no dia da pesquisa, Laura saiu encantada com as bonecas e, principalmente, com o cuidado na manipulação dos objetos.

Também esteve presente, durante a pesquisa, Victória Luisa da Rosa Ribeiro, atualmente estudante de Medicina da Unijuí e vice-diretora cultural da 9ª Região Tradicionalista, que relatou que acompanha o Instagram do Museu e, no dia do lançamento do filme da "Barbie", viu uma postagem no feed sobre o acervo de bonecas preservadas pelo Madp. Ela logo compartilhou o conteúdo com Linara, mãe de Laura.

Aline Mota, museóloga que coordenou a pesquisa, foi responsável pela organização do acervo e orientou a manipulação dos objetos, seguindo todos os cuidados necessários para a preservação dos mesmos.


Estudantes da Universidade do Vale do Taquari realizam visita de estudos no Museu

Na tarde da última quinta-feira, 20 de julho, o Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) recebeu a turma de mestrandos e doutorandos da disciplina de Patrimônio Ambiental e Cultural do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Taquari, localizada em Lajeado, RS.

O grupo de estudantes, oriundo de diversas cidades do Rio Grande do Sul e do Maranhão, contemplou os espaços de exposição do Museu, dentro de uma visitação mediada. A visita está prevista dentro da disciplina do programa, que ocorre totalmente a partir de atividades de campo, e um dos pontos mais importantes, e que encerra o roteiro, traz o aspecto positivo da musealização e patrimonialização da história brasileira a partir do trabalho do Madp.

Neli Galarce, professora que acompanhou os estudantes durante a viagem, comenta que já são mais de 10 anos de visitações ao Museu e, como sempre, foram muito bem recebidos pela equipe diretiva e pelos técnicos, salientando que a equipe apresenta todos os espaços de expografia, desde a de longa duração até as exposições temporárias.

“Existe uma frase que dizemos para os alunos: ‘o Museu Diretor Pestana é a nossa cereja do bolo!’, ou seja, consideramos o espaço museológico como um dos exemplos mais importantes para o entendimento de como as cidades devem tratar sua história e seu patrimônio”, destacou a professora.


Esculturas missioneiras estão em restauro

Dez peças do Madp estão em Pelotas para serem restauradas e retornam a Ijuí em fevereiro

 

O Museu Antropológico Diretor Pestana enviou 10 esculturas missioneiras para a Universidade de Pelotas, na última semana, para que sejam restauradas. As esculturas, obras de barroco missioneiro estavam precisando de reparos e uma delas precisava com mais urgência, a de Santo Isidro. “Uma oportunidade muito boa de cooperação com o curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da Universidade de Pelotas”, explica Aline Regiane de Jesus Mota, museóloga e responsável técnica do Museu.

O carregamento das obras foi feito pela equipe do museu com suporte do setor de patrimônio da Unijuí, na qual pode-se observar que a mais pesada, Nossa Senhora da Glória com 1,72 cm, teve que ser carregada entre seis pessoas. A entrega das obras foi feita ao laboratório de madeira do curso de conservação e restauro da UFPEL, acompanhado pela museóloga do MADP e pela coordenadora do laboratório, professora Daniele Fonseca. Dentro do acordo de restauração, Aline explica que as obras serão restauradas nesse laboratório que possui equipamentos adequados, já que elas precisavam passar por Raio-X. “Existem uma série de análises que precisam ser feitas e só com um laboratório especializado se consegue fazer, e também por possuírem todo o suporte de mão de obra qualificada”. 

O acordo prevê que em troca desse trabalho, os alunos do curso da Universidade de Pelotas vão estudar as peças, também vai gerar exposições, qualificação científica e publicações. E em contrapartida ficou acordado que o Museu de Ijuí faria com que as peças chegassem até lá, arcando com o transporte, com uma lista de materiais, para que a restauração aconteça.

“Um processo muito interessante para o Museu, uma demanda cultural e patrimonial da região muito importante. Esses objetos estão em Pelotas, acompanhei eles até lá e a previsão é que eles retornem em fevereiro do ano que vem. Dentro deste acordo, se prevê uma exposição dessas obras restauradas aqui no Museu. Fica o convite prévio de que a comunidade venha conhecer essas obras, após essas Esculturas missioneiras estão em restauro minucioso trabalho de restauro”.

Aline comenta que algumas delas ainda estavam em exposição e outras, devido ao estado de conservação, não estavam expostas há cerca de dois anos. “Então já eram dois anos que estávamos na luta para conseguir restaurar essas peças”. São obras muito antigas. As 10 são de épocas diferentes, as mais antigas são do século 17. “São patrimônios missioneiros da região, com grande expressividade, dada a qualidade técnicas dessas obras, dado o detalhamento dessas esculturas e também pelo porte. São obras de grande imponência que fazem falta dentro da exposição. Muitas pessoas perguntavam sobre o paradeiro delas, que passaram os dois anos em reserva técnica e agora, enfim, o projeto passou a acontecer”.

Os testes já começaram nesta semana, em Pelotas, e agora a etapa de processo de restauro já é outra. “Estamos fazendo um levantamento de informações, fizemos um dossiê técnico, histórico e tudo isso está com eles e cada processo que for sendo realizado será acordado em etapas. O restauro não é linear, não é um produto único, várias coisas interferem nesse resultado final. As expectativas precisam estar alinhadas. O que a comunidade deseja que seja feito, tipo vamos repintar, deixar os traços de pinturas originais que existem ou retirar a camada de pintura que não é mais original, entre outros. A originalidade vai até um ponto e essas obras tem uma história de uso muito grande, já passaram por vários locais até chegar na guarda do museu”, finaliza.


Programação cultural do Domingo no Museu levou a comunidade até o Madp

Com o intuito de aproximar a comunidade do Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp), neste domingo, 09, aconteceu uma edição especial do Domingo no Museu.  O evento contou com programação gratuita à população, que integrou  diversas exposições, atração musical, além de manifestação de artistas e escritores. 

Os visitantes puderam ver a Exposição de Longa Duração que evidencia a trajetória humana em Ijuí e região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Na sala de Exposições Temporárias, o Museu está com a mostra “Usina Velha (1923-2023): História Energética e Ambiental”, que conta os 100 anos da fundação da Usina Velha, por meio do projeto “Conhecer para Preservar”. 

No Palco Alberto, no hall de entrada do Madp, Daiana Dal Ross, foi a atração musical. No mesmo local, o público infantil se divertiu com o mural para pintura. 

No Espaço Ijuí Hoje, está a Exposição “Arte e Literatura”, um trabalho em conjunto da Associação de Artistas Visuais de Ijuí e Círculo de Escritores Letra Fora da Gaveta. As peças da Exposição foram criadas através das obras literárias de escritores ijuienses. “É um projeto inovador, mas acho que isso faz o artista crescer, quando você se desafia e consegue se superar. Convido a comunidade para conhecer as obras e viver uma experiência inovadora”, disse o presidente da Associação de Artistas Visuais de Ijuí, Vilmar Viecili.

Durante a tarde, os escritores tiveram a oportunidade de ler suas histórias para o público presente, e os artistas puderam explicar o processo criativo das obras. O presidente do Círculo de Escritores Letra Fora da Gaveta, Juarez Folleto, agradeceu ao Museu pelo apoio. “Este é o segundo evento que nós trabalhamos com a Associação de Artistas Visuais de Ijuí, por isso agradeço ao Madp, por unir a literatura e as artes visuais,  fazendo com que a arte e a cultura de Ijuí aconteçam no melhor espaço possível”, concluiu. A Exposição segue no Madp até sexta-feira, 14. 

A diretora do Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp), Iselda Sausen Feil, avaliou o evento. “Foi uma tarde maravilhosa e bem produtiva com o público que compareceu ao Madp para acompanhar a Exposição e manifestação da Associação de Artistas Visuais de Ijuí e Círculo de Escritores Letra Fora da Gaveta”.

 


Equipe do Museu Antropológico Diretor Pestana visita Sítio Arqueológico Krüger que reforça a presença de povos originários em Ijuí

O Sítio Arqueológico Krüger foi descoberto no ano de 2022 durante uma das etapas de Licenciamento Ambiental do condomínio Ijuí Eco Reserva. Trata-se de uma ocupação pré-colonial com material lítico lascado, destacando-se machados de mão, possivelmente utilizados para corte de árvores.
A presença desses artefatos são amplamente encontrados no Planalto Sul Riograndense e têm a referência temporal ligada ao grupos indígenas bastante antigos, muito anteriores a chegada do colonizador europeu.

A equipe do Museu Antropológico Diretor Pestana foi até o Sítio para entender o processo de identificação e mapeamento desenvolvido pela Arqueo-Tri, empresa que oferece consultoria em Arqueologia no âmbito do Licenciamento Ambiental. Clóvis Schmitz, o arqueólogo responsável pela pesquisa, ressalta que a partir da marcação de cada fragmento, o espaço é sinalizando com as bandeirinhas amarelas (assim como demonstrado nas fotos) facilitando o visual, para então a equipe de topografia ir marcando os pontos e saber de onde os artefatos saíram. A coleta do material acontece somente após o ponto estar devidamente registrado.

O nome do sítio faz referência à família Krüger, antiga proprietária de uma colônia de terras neste local (Linha 04 Oeste). Descendem dos imigrantes alemães que ajudaram a colonizar Ijuí ao final do Séc. XIX. Neste local montaram uma olaria para fabricação de tijolos e telhas, sendo de extrema importância para o desenvolvimento da economia local, do município e da região.

No momento, a equipe está desenvolvendo o salvamento do sítio, processo que se complementa com outras etapas: monitoramento da obra e educação patrimonial. A etapa de Educação Patrimonial será realizada em escolas públicas no entorno do empreendimento, junto a comunidade local e no Museu Antropológico Diretor Pestana. Será uma palestra aberta à comunidade abordando sobre “Arqueologia no licenciamento ambiental: o caso do Sítio Arqueológico Kruger - Ijuí/RS”.


Estudantes do curso de Gestão de Turismo, da Universidade Federal de Santa Maria, realizam visita técnica em Ijuí

No dia 21 de junho, ao longo do dia, aconteceu em Ijuí, a visita técnica do curso de Gestão de Turismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), organizada a partir da disciplina de Comunicação Turística, ministrada pela professora Mônica Pons (UFSM), sendo planejada a partir das atividades propostas pelo docente orientado Fabricio de Souza (MADP).

O objetivo da visita foi de extrapolar os limites regionais, mostrando para os estudantes as potencialidades turísticas de Ijuí, trazendo novas vivências associadas à comunicação para os futuros turismólogos. 

De acordo com o roteiro proposto, durante a manhã os estudantes conheceram o Museu Antropológico Diretor Pestana (MADP), realizando uma visitação para além dos espaços expositivos, com o objetivo de conhecer o trabalho desenvolvido pela instituição, trabalho respaldado pela preservação, pesquisa e difusão. Logo após, a turma foi recebida pelos colaboradores do Espaço Mais Inovação Unijuí, para experienciar novas formas de tecnologia associada à comunicação. O Espaço faz parte do Projeto Ampliação e qualificação do “Centro de Inovação e Criatividade para uma Cidade Inteligente” termo de fomento nº90543/2020, Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações.

Na sequência, aconteceu o Tour Panorâmico por Ijuí, guiado pela Turismóloga e Guia de Turismo Bianca Caneppele, onde os estudantes puderam conhecer alguns atrativos turísticos do município. Bianca ressalta que o tour foi muito importante e significativo, pois além dos estudantes vivenciarem uma experiência de turistas, também foi possível, a partir da troca, fazer como que se entenda um pouco mais do que significa atuar e trabalhar na área em um lugar que cada vez mais reconhece o quanto o turismo pode contribuir com o desenvolvimento social e econômico do município de Ijuí. 


Ações educativas de educação patrimonial são desenvolvidas na Exposição “Usina Velha (1923-2023): história energética e ambiental”

A educação patrimonial se materializa como uma estratégia para a preservação, valorização, conhecer e reconhecer o patrimônio cultural. Dentro disso, as práticas ligadas a esta ação estão diretamente envolvidas como um instrumento da alfabetização cultural, que consiste no reconhecimento do sujeito como parte do mundo, levando ao esforço da autoestima dos indivíduos e comunidades, e também a valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural.

Algumas ações educativas voltadas à valorização do patrimônio local, estão sendo desenvolvidas na Exposição Temporária “Usina Velha (1923-2023): história energética e ambiental”, atividades práticas para além da visitação. Um dos exemplos é o quebra-cabeça, onde após a exibição do vídeo educativo que explica sobre o funcionamento de uma usina, o público é convidado para desenvolver a atividade, como forma de sintetizar e visualizar as etapas apresentadas na exposição.

A Realidade Virtual, ferramenta tecnológica também presente na Exposição, se insere no projeto com a finalidade de aproximar os visitantes ao local, conhecendo o patrimônio representado de forma material e natural. O mapeamento 360º, realizado pelo Espaço Mais Inovação Unijuí, permitiu que o público que acessa a exposição, também conheça o entorno em que a usina está inserida.

Complementando esta proposta de ação educativa, observando os diferentes públicos que circulam na exposição, os integrantes da 15ª edição do projeto “Conhecer para Preservar” criaram um livro para colorir, com uma história apresentada por um mascote, a Capivara Capi. O livro é distribuído para turmas dos anos iniciais, que são convidados para realizar a atividade de forma local. 


Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) leva a experiência de realidade virtual para o Domingo no Campus

Marcando presença no Domingo no Campus, que acontece neste final de semana, dia 04 de junho, o Madp levará a realidade virtual para a comunidade experienciar uma nova forma de conhecer o Museu.

Após as reações positivas dos estudantes que entraram em contato com essa ferramenta durante o "Profissional do Futuro", evento desenvolvido pela Unijuí nos dias 23, 24 e 25 de maio, o Museu retorna ao Campus para disponibilizar a tecnologia aos visitantes que circulam no evento promovido pela Rádio Unijuí FM, neste domingo. Aline Mota, museóloga da instituição, ressalta a importância da utilização de uma ferramenta tecnológica e interativa junto a comunidade, trazendo a experiência em 360 graus com partes de uma exposição museológica que guarda profundos vínculos com a cultura de seus antepassados, tradições de seus contextos familiares e de suas próprias identidades como ser humano.

O Museu estará localizado na parte externa da Biblioteca Mario Osorio Marques, das 15h às 17h, acompanhado também da Exposição Itinerante “De dentro pra fora”, que permanecerá no espaço até o dia 30 de junho de 2023.


“Usina Velha (1923-1913): história energética e ambiental” entra em cartaz como Exposição Temporária do Museu

A energia elétrica foi fundamental para o desenvolvimento da humanidade. Em Ijuí não foi diferente. Até a década de 1920, as dificuldades para o desenvolvimento industrial e até mesmo iluminação pública esbarravam na ausência da energia. Lamparinas e  locomóveis eram as alternativas. 

Em 1923 foi inaugurada a Usina da Sede, hoje Usina Velha, aproveitando uma cascata no Rio Potiribu. A capacidade inicial de 280 kW, foi ampliada em 1931 para 380 kW, com a instalação do 2º Grupo Gerador. Junto a criação da usina, foi criada a Secção de Força e Luz, que tinha seu prédio na Praça da República.

Dentro deste contexto histórico, a Exposição, que está ligada ao projeto “Conhecer para Preservar”, vem para celebrar o século de fundação da Usina Velha, abordando aspectos sobre a estrutura necessária para gerar eletricidade a partir da força hidráulica, e também destacando a biodiversidade do espaço em que a Usina está inserida. Para este ano, o projeto expositivo, que nasceu dentro da necessidade de difundir os estudos desenvolvidos no Curso de Ciências Biológicas, conta também com a integração do Curso de Engenharia Civil, marcando uma relação interdisciplinar ligada à temática sobre energia e meio ambiente.

Juliana Fachinetto, professora do curso de Ciências Biológicas e do Programa de Pós Graduação Strictu Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí, tutora do Programa de Educação Tutorial (PET Biologia) e curadora da Exposição, reforça  que, além de abordar a produção de energia, é de extrema importância discutir as questões ambientais associadas à construção do empreendimento e seus impactos para a biodiversidade local.

A Exposição, que conta com o apoio do Fundo Municipal de Meio Ambiente, aprovado pelo Conselho Municipal de Energia e Meio Ambiente, e Departamento Municipal de Energia de Ijuí (DEMEI), permanece no Espaço de Exposição Temporária do Museu até o dia 30 de junho, podendo ser visitada por toda a comunidade, nos seguintes horários: segunda-feira das 13h30 às 17h; terça a quinta-feira das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h; na sexta-feira: 8h às 11h30. As visitas de grupos devem ser agendadas pelo telefone (55) 3332-0257 ou madp@unijui.edu.br.

 


O Cotrijornal: documento de imprensa como fonte de pesquisa sobre o movimento cooperativista

O cooperativismo no Rio Grande do Sul pode ser considerado um dos fatores cruciais para o fortalecimento de diversos segmentos da economia, como exemplos as atividades rurais e agroindustriais em meio às crises e transformações socioeconômicas do país. O Museu Antropológico Diretor Pestana preserva um acervo que representa a memória do cooperativismo gaúcho, um tema bastante pesquisado nas linhas que tratam do desenvolvimento e memória regional: documentos sobre cooperativas na Coleção Cooperativismo; a produção intelectual de docentes da UNIJUÍ; os processos de ensino, pesquisa e extensão no Arquivo FIDENE; as edições do Coojornal e Cotrijornal na coleção Hemeroteca. O Cotrijornal foi produzido pela Cooperativa Tritícola Serrana Ltda (COTRIJUÍ), fundada em 1957 e tem seu destaque, ora por conter todas as edições publicadas, ora por contextualizar uma instituição do noroeste do estado, que atingiu um destaque nacional. 

A mobilização mútua entre pessoas de setores produtivos com interesses e necessidades semelhantes, a intermediação governamental e a parceria entre diferentes instituições não-estatais representam alguns dos aspectos dos movimentos associativos e cooperativistas. Quanto ao envolvimento de diferentes organizações no processo de formação especializada às cooperativas e produtores rurais da comunidade no noroeste é importante salientar o papel da Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado (FIDENE) e sua mantida Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) que, através da criação de cursos e projetos de pesquisa e extensão, participou do processo cooperativista regional. Ainda, no período em que a instituição atuava como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ijuí (FAFI), criada em 1956, já prestava seu apoio às necessidades das organizações locais através do Movimento Comunitário de Base. 

Assim, a produção do Cotrijornal, com 220 edições publicadas entre 1973 e 1994, constitui-se um dos frutos da relação cooperativa e instituição de ensino, a partir de um projeto iniciado no período da FAFI, mas apenas consolidado em 1970, por meio de um convênio da FIDENE com a COTRIJUÍ e a criação do Departamento de Comunicação e Educação da COTRIJUÍ, sob coordenação do professor Rui Polidoro Pinto. O aumento do quadro de associados também motivou a criação do jornal, pois somente através de reuniões e assembleias, a comunicação era insuficiente, principalmente, com relação às orientações técnicas e fortalecimento da identidade cooperativista. 

Portanto, o Cotrijornal, além de contextualizar parte do movimento cooperativista, também integra a memória do jornalismo especializado no Rio Grande do Sul, reunindo um conteúdo direcionado aos cooperados e parceiros da COTRIJUÍ, como também páginas que abordam diferentes temas, incluindo cultura, história, saúde e conteúdo infantil, caso do suplemento Cotrisol, elaborado pela Escolinha de Arte da FIDENE, posteriormente Escola Francisco de Assis e atual Centro de Educação Básica Francisco de Assis (EFA). Como assuntos relacionados ao público-alvo, as edições apresentam reportagens e artigos sobre economia, desenvolvimento regional e aspectos técnicos de atuação dos membros, clientes e empresas ligadas à cooperativa. 

O período de produção do jornal acompanha diferentes fases da trajetória da COTRIJUÍ. O professor de história Josei Fernandes Pereira, que desenvolve sua tese de doutorado na área de história regional*, considera três momentos chaves da cooperativa: criação e consolidação (1957-1970); ampliação significativa dos quadros sociais, capacidade de recebimento, logística e área de atuação (década entre 1970 e início de 1990); estagnação e crise (pós década de 1990). Ele explica que as edições do Cotrijornal enquanto fontes de pesquisa para a historiografia, possibilitam não apenas atestar os registros dos fatos da época e atuação da instituição, mas também constatar a condução dos sujeitos de um determinado contexto social em processo de profunda transformação, a partir de parâmetros ideológicos, que determinam os próprios objetivos editoriais. 

A digitalização das edições do Cotrijornal para pesquisa e preservação dos originais integra uma das atividades realizadas no Projeto Difusão da memória social através da imprensa em ljuí e Rio Grande do Sul: conservação do acervo de jornais e acesso eletrônico às publicações sobre a revolução farroupilha (1838-1840) e o cooperativismo regional (1973-1994), com o financiamento Pró-Cultura RS - Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através do Edital SEDAC nº 07/2021 do Concurso FAC Patrimônio. Ainda que encerrada a publicação, percebe-se a relevância das reflexões que podem ser extraídas do Cotrijornal para novos debates. Por isto, a preocupação do Museu em conservar, organizar e facilitar o acesso ao patrimônio documental que preserva, de maneira a contribuir com a difusão da memória social, através da pesquisa. 

*Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo (UPF), área de concentração História Regional, linha de pesquisa Sociedade e Economia. 

Texto por Amanda Keiko Higashi, arquivista e colaboradora do Museu Antropológico Diretor Pestana.