Ações educativas de educação patrimonial são desenvolvidas na Exposição “Usina Velha (1923-2023): história energética e ambiental”

A educação patrimonial se materializa como uma estratégia para a preservação, valorização, conhecer e reconhecer o patrimônio cultural. Dentro disso, as práticas ligadas a esta ação estão diretamente envolvidas como um instrumento da alfabetização cultural, que consiste no reconhecimento do sujeito como parte do mundo, levando ao esforço da autoestima dos indivíduos e comunidades, e também a valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural.

Algumas ações educativas voltadas à valorização do patrimônio local, estão sendo desenvolvidas na Exposição Temporária “Usina Velha (1923-2023): história energética e ambiental”, atividades práticas para além da visitação. Um dos exemplos é o quebra-cabeça, onde após a exibição do vídeo educativo que explica sobre o funcionamento de uma usina, o público é convidado para desenvolver a atividade, como forma de sintetizar e visualizar as etapas apresentadas na exposição.

A Realidade Virtual, ferramenta tecnológica também presente na Exposição, se insere no projeto com a finalidade de aproximar os visitantes ao local, conhecendo o patrimônio representado de forma material e natural. O mapeamento 360º, realizado pelo Espaço Mais Inovação Unijuí, permitiu que o público que acessa a exposição, também conheça o entorno em que a usina está inserida.

Complementando esta proposta de ação educativa, observando os diferentes públicos que circulam na exposição, os integrantes da 15ª edição do projeto “Conhecer para Preservar” criaram um livro para colorir, com uma história apresentada por um mascote, a Capivara Capi. O livro é distribuído para turmas dos anos iniciais, que são convidados para realizar a atividade de forma local. 


Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) leva a experiência de realidade virtual para o Domingo no Campus

Marcando presença no Domingo no Campus, que acontece neste final de semana, dia 04 de junho, o Madp levará a realidade virtual para a comunidade experienciar uma nova forma de conhecer o Museu.

Após as reações positivas dos estudantes que entraram em contato com essa ferramenta durante o "Profissional do Futuro", evento desenvolvido pela Unijuí nos dias 23, 24 e 25 de maio, o Museu retorna ao Campus para disponibilizar a tecnologia aos visitantes que circulam no evento promovido pela Rádio Unijuí FM, neste domingo. Aline Mota, museóloga da instituição, ressalta a importância da utilização de uma ferramenta tecnológica e interativa junto a comunidade, trazendo a experiência em 360 graus com partes de uma exposição museológica que guarda profundos vínculos com a cultura de seus antepassados, tradições de seus contextos familiares e de suas próprias identidades como ser humano.

O Museu estará localizado na parte externa da Biblioteca Mario Osorio Marques, das 15h às 17h, acompanhado também da Exposição Itinerante “De dentro pra fora”, que permanecerá no espaço até o dia 30 de junho de 2023.


“Usina Velha (1923-1913): história energética e ambiental” entra em cartaz como Exposição Temporária do Museu

A energia elétrica foi fundamental para o desenvolvimento da humanidade. Em Ijuí não foi diferente. Até a década de 1920, as dificuldades para o desenvolvimento industrial e até mesmo iluminação pública esbarravam na ausência da energia. Lamparinas e  locomóveis eram as alternativas. 

Em 1923 foi inaugurada a Usina da Sede, hoje Usina Velha, aproveitando uma cascata no Rio Potiribu. A capacidade inicial de 280 kW, foi ampliada em 1931 para 380 kW, com a instalação do 2º Grupo Gerador. Junto a criação da usina, foi criada a Secção de Força e Luz, que tinha seu prédio na Praça da República.

Dentro deste contexto histórico, a Exposição, que está ligada ao projeto “Conhecer para Preservar”, vem para celebrar o século de fundação da Usina Velha, abordando aspectos sobre a estrutura necessária para gerar eletricidade a partir da força hidráulica, e também destacando a biodiversidade do espaço em que a Usina está inserida. Para este ano, o projeto expositivo, que nasceu dentro da necessidade de difundir os estudos desenvolvidos no Curso de Ciências Biológicas, conta também com a integração do Curso de Engenharia Civil, marcando uma relação interdisciplinar ligada à temática sobre energia e meio ambiente.

Juliana Fachinetto, professora do curso de Ciências Biológicas e do Programa de Pós Graduação Strictu Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí, tutora do Programa de Educação Tutorial (PET Biologia) e curadora da Exposição, reforça  que, além de abordar a produção de energia, é de extrema importância discutir as questões ambientais associadas à construção do empreendimento e seus impactos para a biodiversidade local.

A Exposição, que conta com o apoio do Fundo Municipal de Meio Ambiente, aprovado pelo Conselho Municipal de Energia e Meio Ambiente, e Departamento Municipal de Energia de Ijuí (DEMEI), permanece no Espaço de Exposição Temporária do Museu até o dia 30 de junho, podendo ser visitada por toda a comunidade, nos seguintes horários: segunda-feira das 13h30 às 17h; terça a quinta-feira das 8h às 11h30 e das 13h30 às 17h; na sexta-feira: 8h às 11h30. As visitas de grupos devem ser agendadas pelo telefone (55) 3332-0257 ou madp@unijui.edu.br.

 


O Cotrijornal: documento de imprensa como fonte de pesquisa sobre o movimento cooperativista

O cooperativismo no Rio Grande do Sul pode ser considerado um dos fatores cruciais para o fortalecimento de diversos segmentos da economia, como exemplos as atividades rurais e agroindustriais em meio às crises e transformações socioeconômicas do país. O Museu Antropológico Diretor Pestana preserva um acervo que representa a memória do cooperativismo gaúcho, um tema bastante pesquisado nas linhas que tratam do desenvolvimento e memória regional: documentos sobre cooperativas na Coleção Cooperativismo; a produção intelectual de docentes da UNIJUÍ; os processos de ensino, pesquisa e extensão no Arquivo FIDENE; as edições do Coojornal e Cotrijornal na coleção Hemeroteca. O Cotrijornal foi produzido pela Cooperativa Tritícola Serrana Ltda (COTRIJUÍ), fundada em 1957 e tem seu destaque, ora por conter todas as edições publicadas, ora por contextualizar uma instituição do noroeste do estado, que atingiu um destaque nacional. 

A mobilização mútua entre pessoas de setores produtivos com interesses e necessidades semelhantes, a intermediação governamental e a parceria entre diferentes instituições não-estatais representam alguns dos aspectos dos movimentos associativos e cooperativistas. Quanto ao envolvimento de diferentes organizações no processo de formação especializada às cooperativas e produtores rurais da comunidade no noroeste é importante salientar o papel da Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado (FIDENE) e sua mantida Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) que, através da criação de cursos e projetos de pesquisa e extensão, participou do processo cooperativista regional. Ainda, no período em que a instituição atuava como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ijuí (FAFI), criada em 1956, já prestava seu apoio às necessidades das organizações locais através do Movimento Comunitário de Base. 

Assim, a produção do Cotrijornal, com 220 edições publicadas entre 1973 e 1994, constitui-se um dos frutos da relação cooperativa e instituição de ensino, a partir de um projeto iniciado no período da FAFI, mas apenas consolidado em 1970, por meio de um convênio da FIDENE com a COTRIJUÍ e a criação do Departamento de Comunicação e Educação da COTRIJUÍ, sob coordenação do professor Rui Polidoro Pinto. O aumento do quadro de associados também motivou a criação do jornal, pois somente através de reuniões e assembleias, a comunicação era insuficiente, principalmente, com relação às orientações técnicas e fortalecimento da identidade cooperativista. 

Portanto, o Cotrijornal, além de contextualizar parte do movimento cooperativista, também integra a memória do jornalismo especializado no Rio Grande do Sul, reunindo um conteúdo direcionado aos cooperados e parceiros da COTRIJUÍ, como também páginas que abordam diferentes temas, incluindo cultura, história, saúde e conteúdo infantil, caso do suplemento Cotrisol, elaborado pela Escolinha de Arte da FIDENE, posteriormente Escola Francisco de Assis e atual Centro de Educação Básica Francisco de Assis (EFA). Como assuntos relacionados ao público-alvo, as edições apresentam reportagens e artigos sobre economia, desenvolvimento regional e aspectos técnicos de atuação dos membros, clientes e empresas ligadas à cooperativa. 

O período de produção do jornal acompanha diferentes fases da trajetória da COTRIJUÍ. O professor de história Josei Fernandes Pereira, que desenvolve sua tese de doutorado na área de história regional*, considera três momentos chaves da cooperativa: criação e consolidação (1957-1970); ampliação significativa dos quadros sociais, capacidade de recebimento, logística e área de atuação (década entre 1970 e início de 1990); estagnação e crise (pós década de 1990). Ele explica que as edições do Cotrijornal enquanto fontes de pesquisa para a historiografia, possibilitam não apenas atestar os registros dos fatos da época e atuação da instituição, mas também constatar a condução dos sujeitos de um determinado contexto social em processo de profunda transformação, a partir de parâmetros ideológicos, que determinam os próprios objetivos editoriais. 

A digitalização das edições do Cotrijornal para pesquisa e preservação dos originais integra uma das atividades realizadas no Projeto Difusão da memória social através da imprensa em ljuí e Rio Grande do Sul: conservação do acervo de jornais e acesso eletrônico às publicações sobre a revolução farroupilha (1838-1840) e o cooperativismo regional (1973-1994), com o financiamento Pró-Cultura RS - Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através do Edital SEDAC nº 07/2021 do Concurso FAC Patrimônio. Ainda que encerrada a publicação, percebe-se a relevância das reflexões que podem ser extraídas do Cotrijornal para novos debates. Por isto, a preocupação do Museu em conservar, organizar e facilitar o acesso ao patrimônio documental que preserva, de maneira a contribuir com a difusão da memória social, através da pesquisa. 

*Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo (UPF), área de concentração História Regional, linha de pesquisa Sociedade e Economia. 

Texto por Amanda Keiko Higashi, arquivista e colaboradora do Museu Antropológico Diretor Pestana.

 


Manifesto de 62 anos do Museu Antropológico Diretor Pestana pela Diretora Iselda Sausen Feil

O Museu Antropológico Diretor Pestana independente do tempo histórico, político ou econômico, sempre esteve e está presente na comunidade, até porque ele é da comunidade. Embora sabemos que isto pode e deve ser fortalecido, agregando projetos integrados e integradores que possam causar resultados significativos na construção da identidade cultural de Ijuí, tornando-a uma cidade amiga das pessoas, generosa, acolhedora, e, por que não dizer: mais feliz? 

Já tem um tempo que a visão do museu era o de se constituir referência para os demais museus. Atualmente, após avaliar os projetos, testemunhos e depoimentos, vimos que está em tempo de reescrever esta visão, pois podemos afirmar com certeza que somos referência dos Museus Antropológicos. Somos referência por termos um museu comprometido com a história de seu povo, por pautar seus projetos no paradigma antropológico cultural, o qual tem como prioridade a humanização, o protagonismo e a pesquisa como conduta e princípio formativo.

Mas, poderíamos nos perguntar: por que a história é tão importante? Para quê mesmo serve um museu? Aí poderíamos apontar várias razões, mas, para “encurtar a conversa” eu diria que é para não perder o rumo, a trajetória da nossa história, pois ao retomá-la, percebemos o quanto já produzimos e o quanto ainda falta. Concordamos com Soares (2010) quando ela afirma que é entendendo o que ficou para trás, é que se pode explicar o presente e é explicitando o presente, que se pode delinear o futuro pois… 

Ao retomar a própria história nos autorizamos a pensar, a fazer diferente, a questionar algumas certezas, elaborar mais novas perguntas. Podemos descobrir coisas fascinantes, que fomos deixando pelo caminho e que ainda podem se constituir de referência para ir para frente.

Isso nos leva a mais uma interrogação: O Museu é necessário para dar conta disso? Quais suas funções? Qual sua finalidade?

Um Museu que saiba exercer suas principais funções através do trabalho com a preservação da memória social, da pesquisa dos processos culturais relacionados, a preservação, a comunicação dos sentidos e identidades culturais envolvidos. 

Um museu que saiba, através de pesquisas e diálogos com a sociedade, as habilidades indispensáveis do cidadão e do trabalhador moderno, para além de aulas e treinamentos: Aprender a aprender e saber pensar, para intervir de modo inovador, ou seja, pautar seu trabalho na articulação pesquisa, ensino e extensão de forma interdisciplinar, colaborativa e propositiva. Isto implica, necessariamente, fortalecer as relações entre as instituições, pensar e produzir projetos pautados nos princípios da participação, da solidariedade, da felicidade, da sustentabilidade e do bem-estar. 

Foto: Construção da sede atual do Museu, 1976.


Quem vive de futuro é Museu: Madp apresenta uma experiência de visitação virtual durante o Profissional do Futuro

Para quem acha que um Museu só vive de passado engana-se. A atualização permanente de que o nosso Museu passa a cada ano é um reflexo do trabalho contínuo desenvolvido desde 1961, ano de fundação da instituição.

Quando se pensa em Museu, nossas referências sempre são voltadas ao “velho”, atrelando ainda exclusivamente às concepções de passado, o que muitas vezes é errôneo. Um Museu é detentor de memórias e histórias, estas que, dependendo da sua configuração, são apresentadas de diversas formas, podendo auxiliar na desconstrução de olhares sobre as memórias e histórias salvaguardadas, não tidos somente como um repositório de “coisas velhas”.

Em um novo movimento integrado ao Espaço Mais Inovação da Unijuí, o Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) apresenta uma nova proposta de experiência de visitação por meio da realidade virtual. Durante o Profissional do Futuro, evento promovido pela Unijuí durante os dias 23, 24 e 25 de maio no Campus Unijuí, o Museu leva até a comunidade óculos de realidade virtual, com os espaços de visitação da Exposição de Longa Duração mapeados, possibilitando assim, por meio da ferramenta digital, a experiência de uma visitação diferenciada. 

Fabricio de Souza, um dos organizadores da proposta junto a Divisão de Museologia do Museu Antropológico Diretor Pestana, ressalta que a tecnologia já é uma realidade no Museu e esta, quando pensada, deve estar alinhada à missão institucional para que não se gere uma espetacularização e uma lacuna entre os propósitos de um Museu. A tecnologia deve servir como mais um caminho para a valorização do patrimônio cultural, visto que é uma oportunidade de explorar os conteúdos museológicos de maneira mais livre e dinâmica. 

Aline Mota, museóloga do Madp, comenta que nesse sentido, é interessante perceber a carga simbólica das reações de surpresa e espanto dos jovens, que dentro de um evento de grande envergadura, voltado à reflexão e planejamento de seus próprios futuros, têm a possibilidade de se valerem de uma ferramenta tecnológica e interativa que por muitos deles até então, só havia sido vista em filmes, para experienciar em 360 graus partes de uma exposição museológica que guarda profundos vínculos com a cultura de seus antepassados, tradições de seus contextos familiares e de suas próprias identidades como ser humano.

Essas novas configurações propostas por museus na atualidade fazem com que os objetos ganhem novos sentidos e gerem novos vínculos e laços emocionais, não apenas o objeto pelo objeto. Para os desafios atuais, a retomada de uma aproximação das comunidades junto aos bens culturais, no qual estes se apresentam como a sua realidade mais próxima. Só se valoriza aquilo que se conhece e se reconhece. 


Domingo no Museu: Madp realiza atividades em comemoração aos seus 62 anos

Para celebrar seus 62 anos e  integrando a 21ª Semana Nacional dos Museus, o Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) abriu suas portas neste dia 21 de maio, em uma edição especial do Domingo no Museu. O evento contou com programação expositiva, recreativa e musical, de forma gratuita à população.

Entre as atrações, os visitantes puderam ver a Exposição de Longa Duração; Exposição Fósseis na Região Central do RS; Exposição Inge Mafra: uma artista da natureza; e a Exposição Trabalho Invisível, vinculada ao Projeto Plano Plurianual de Atividades: Documentação Museológica e Manutenção do Acervo do Museu Antropológico Diretor Pestana, aprovado pelo Ministério da Cidadania, PRONAC 192683, com captação e execução de 2020 a 2023.

Para quem tinha curiosidade de conhecer o funcionamento do Madp, foi realizado o  “Tour nos Bastidores do Museu”, tendo como guias a museóloga Aline Mota e a arquivista Amanda Keiko Higashi; e orientações sobre como pesquisar no acervo documental, através do atendimento à pesquisa, com a assistente Natieli Batista.

Entre as atrações musicais, o público presente contou com a apresentação do Coral Unijuí; da Manuele Eduarda Sala Martiny, e do grupo “Aprendendo a Viver”, do Caps AD II, do Hospital Bom Pastor. Já o público infantil pode participar de contações de histórias e pinturas no rosto com o curso Normal do Instituto Estadual de Educação Guilherme Clemente Koehler, na Sala de Pesquisa do Museu. Além disso, também ocorreu o Cine AIPAN, com a exibição de curtas com temática ambiental, no auditório.

Para a presidente do Conselho Municipal de Cultura de Ijuí, Ruth Patz Hein, o Museu representa a história da cidade. “Momentos culturais como esse, são muito importantes. Precisamos sempre estar dando todo o apoio e força para que o Museu se mantenha, pois ele conta e traz a nossa memória. Enquanto Conselho, peço que prestigiem o Museu e tornem-se associados. Vamos todos fazer a nossa parte para preservar o Madp”, frisou.


Consumidores do Demei podem ser membros contribuintes do Madp

Campanha “Você reflete a nossa história” foi lançada pelo Museu Antropológico Diretor Pestana nesta quinta-feira.

 

Na tarde desta quinta-feira, 18 de maio, foi realizado o lançamento da campanha do Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp), “Você reflete a nossa história”. A iniciativa busca viabilizar formas de ampliar a contribuição de apoiadores culturais e a participação efetiva da comunidade nas atividades do Museu. Além disso, a ação integra as comemorações dos 62 anos do Madp e a 21ª Semana Nacional dos Museus.

Conforme apresentado pela coordenadora da Assessoria de Marketing da Fidene, Talita Mazzola, a campanha é voltada à comunidade externa, sendo que qualquer pessoa pode se tornar um membro contribuinte do Madp ao autorizar o desconto mensal de determinado valor na conta de energia elétrica do Demei. Para que isso ocorra, basta preencher um formulário de autorização fornecido pelo Museu, que deverá ser entregue na secretaria.

Quem determina o valor é o membro contribuinte, que pode doar R$ 10,00 ou mais todos os meses. Além de ser um apoiador da cultura, os membros contribuintes terão acesso aos eventos promovidos pelo Madp; entrada gratuita em exposições; desconto nos produtos da Loja do Madp; descontos nas taxas de atendimento a pesquisas a distância e de reprodução dos documentos; e isenção da taxa de atendimento a pesquisas presenciais.

Diretora do Madp, Iselda Teresinha Sausen Feil destacou que o Museu sempre esteve presente na comunidade e que essa relação deve ser fortalecida. “Nós somos referência entre os museus antropológicos do Estado e isso se deve ao comprometimento que temos com a história, ao fato de priorizamos a humanização, o protagonismo e a pesquisa. Para quem ainda se questiona sobre a importância da memória, da história, digo que é para não perdermos o rumo. Ao retomarmos a história, percebemos o quanto produzimos e o quanto ainda falta produzir”, disse.

Presidente da Associação dos Amigos do Museu, Vivian Stroschein destacou que a entidade é uma aliada, a quase 40 anos, das atividades desenvolvidas pelo Museu, auxiliando na manutenção e na guarda do seu acervo, na divulgação de exposições e eventos, e na disseminação da relevância do Museu para a cidade e região. Ela ressaltou a importância de a comunidade abraçar a campanha, tornando-se um membro contribuinte.

Presidente da Fidene e reitora da Unijuí, a professora Cátia Maria Nehring agradeceu à equipe que ajudou o Museu a trilhar seus 62 anos de história. E lembrou do desafio do Madp em mostrar a sua importância para a cidade e para a região. “Como podemos fazer com que cada cidadão que nasce, que passa ou que está em Ijuí veja o Museu como uma referência? Que saia da cidade e lembre deste espaço onde estiver? Esse é um desafio. E a campanha é mais uma marca que deixamos neste aniversário. Um convite para que nossa comunidade ajude a preservar a memória, a manter o acervo e a fazer aquilo que não abrimos mão, que é fortalecer a pesquisa”, reforçou a reitora.

Ao fazer um breve resgate da história do Madp e dos desafios já enfrentados, o professor de História, ex-diretor do Museu e membro da Associação de Amigos, Jaeme Callai, lembrou de uma definição que ouviu, de que o Museu Antropológico Diretor Pestana tinha identidade. E lembrou do relevante papel que têm os profissionais do Museu desde a seleção de peças, preservação dos objetos históricos, até o resgate de histórias e a seleção do que será contado à comunidade - uma parte desta identidade construída. “O Museu faz um grande esforço, um grande trabalho pelo resgate da memória, mas queremos construir junto com a comunidade a identidade que a comunidade tem ou quer ter”.

Para saber mais sobre a campanha, acesse este link.

 


O Museu Antropológico é um retrato de Ijuí? 

O Museu Antropológico Diretor Pestana, no dizer de um professor da Universidade Autônoma de Madri, quando de sua visita ao mesmo, é um “museu de identidade”. Resta saber qual é a identidade? A identidade de quem? Quem ali se reconhece?

O Museu, em suas mais de seis décadas de existência, trabalhou diligentemente na coleta, na classificação e organização, na preservação e guarda de testemunhos, de documentos, de objetos que permitam a mais adequada representação de identidade das populações e grupos sociais que são parte da longa história desta região. 

Quem somos? Qual a identidade dos ijuienses? O autorretrato é por si só muito problemático, sempre sujeito à autoilusão. Tendemos, quando otimistas, a nos considerarmos melhor do que efetivamente somos ou, quando pessimistas, a nos depreciarmos. 

O autorretrato das primeiras décadas privilegiou a contribuição dos indígenas pré-cabralinos e jesuíticos e, especialmente, a dos imigrantes, que a partir do final do século XIX, auxiliou aqui no “progresso” e forte contribuição civilizatória. O Museu reproduzia, inadvertidamente, a ideologia do branqueamento da raça brasileira, muito em voga no início do século XX. Este viés se revelou na escassa presença de documentação e referência às populações negras, mestiças (caboclos) e indígenas contemporâneos, quando consideradas as primeiras décadas da existência do Museu. 

Passa o tempo. Estudos acadêmicos de professores e alunos da Fafi/Unijuí trazem novos entendimentos, novas abordagens, contribuem para uma compreensão mais alargada do que somos, da contribuição de diferentes atores sociais na construção da sociedade ijuiense. Tem início então a construção de outro autorretrato, que pretende ser mais fiel à diversidade da população ijuiense e regional. 

O trabalho desenvolvido nas primeiras décadas retratava uma sociedade de imigrantes na qual os demais grupos tinham um papel acessório, expressando assim o entendimento predominante, reiteradamente expresso por aqueles “que tinham voz”. Com a passagem dos anos o Museu busca retratar a complexidade de uma sociedade plural, em que diferentes grupos propiciam valiosa contribuição.

O desafio, permanente, é saber se efetivamente as pessoas, os grupos sociais se “enxergam” neste retrato que o Museu  apresenta e representa.

 

Texto por Jaeme Luiz Callai, Professor História UNIJUÍ.

Foto: Exposição artesanato povos indígenas na atualidade. Museu, 1983.


Exposição de Longa Duração do Madp

A Exposição de Longa Duração do Museu foi aberta ao público em junho de 1997. Ela foi cuidadosamente planejada pela equipe, que ouviu profissionais de diversas áreas: historiadores, museólogos, arquitetos e artistas, entre outros, a fim de conseguir um resultado que contemplasse a história de Ijuí e região com toda sua diversidade cultural, e ao mesmo tempo fosse apresentada de uma maneira didática, dinâmica e agradável.

A primeira preocupação foi montá-la de tal maneira que a comunidade ao visitar o Museu se identificasse, se reconhecesse como pertencente àquela narrativa. Para isso, precisaria destacar aspectos de todos os povos e culturas que formaram a região, procurando não personalizar em pessoas, autoridades ou grupos étnicos. Assim, partiu-se das histórias individuais, seus testemunhos e suas memórias para contar a história de todos.

O acervo iconográfico e tridimensional selecionado, além de obedecer aos critérios técnicos de conservação, procurou atender critérios de representatividade coletiva. Assim, as peças e fotografias não foram selecionadas por pertencer a família de “fulano” ou ``beltrano'', dessa ou daquela etnia, e sim por suscitar a reflexão sobre o cotidiano de homens e mulheres que construíram Ijuí. Entre um objeto exótico, curioso que existia em uma ou outra casa e um que estava presente na maioria das casas, optou-se por esse, mesmo que não fosse o mais rico ou o mais “diferente”.

Para melhor contemplar essa diversidade de olhares sobre a diversidade de Ijuí, ela foi organizada em núcleos temáticos. Os primeiros núcleos foram planejados para mostrar que a história de Ijuí começou bem antes da Colônia Ijuhy, que antes da chegada dos imigrantes, existiam muitos homens, mulheres e crianças vivendo por aqui, e que estes também tinham direito de ter suas histórias representadas, uma vez que a exemplo do que ocorreu em outras regiões do Estado, a historiografia tradicional relegou aos índios, afrodescendentes e caboclos, um papel secundário enquanto sujeitos históricos.

 

Texto: Belair Aparecida Stefanello, Educadora do Madp.

Foto: Inauguração Exposição de Longa Duração do Museu, 1997.