Para quem acha que um Museu só vive de passado engana-se. A atualização permanente de que o nosso Museu passa a cada ano é um reflexo do trabalho contínuo desenvolvido desde 1961, ano de fundação da instituição.

Quando se pensa em Museu, nossas referências sempre são voltadas ao “velho”, atrelando ainda exclusivamente às concepções de passado, o que muitas vezes é errôneo. Um Museu é detentor de memórias e histórias, estas que, dependendo da sua configuração, são apresentadas de diversas formas, podendo auxiliar na desconstrução de olhares sobre as memórias e histórias salvaguardadas, não tidos somente como um repositório de “coisas velhas”.

Em um novo movimento integrado ao Espaço Mais Inovação da Unijuí, o Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) apresenta uma nova proposta de experiência de visitação por meio da realidade virtual. Durante o Profissional do Futuro, evento promovido pela Unijuí durante os dias 23, 24 e 25 de maio no Campus Unijuí, o Museu leva até a comunidade óculos de realidade virtual, com os espaços de visitação da Exposição de Longa Duração mapeados, possibilitando assim, por meio da ferramenta digital, a experiência de uma visitação diferenciada. 

Fabricio de Souza, um dos organizadores da proposta junto a Divisão de Museologia do Museu Antropológico Diretor Pestana, ressalta que a tecnologia já é uma realidade no Museu e esta, quando pensada, deve estar alinhada à missão institucional para que não se gere uma espetacularização e uma lacuna entre os propósitos de um Museu. A tecnologia deve servir como mais um caminho para a valorização do patrimônio cultural, visto que é uma oportunidade de explorar os conteúdos museológicos de maneira mais livre e dinâmica. 

Aline Mota, museóloga do Madp, comenta que nesse sentido, é interessante perceber a carga simbólica das reações de surpresa e espanto dos jovens, que dentro de um evento de grande envergadura, voltado à reflexão e planejamento de seus próprios futuros, têm a possibilidade de se valerem de uma ferramenta tecnológica e interativa que por muitos deles até então, só havia sido vista em filmes, para experienciar em 360 graus partes de uma exposição museológica que guarda profundos vínculos com a cultura de seus antepassados, tradições de seus contextos familiares e de suas próprias identidades como ser humano.

Essas novas configurações propostas por museus na atualidade fazem com que os objetos ganhem novos sentidos e gerem novos vínculos e laços emocionais, não apenas o objeto pelo objeto. Para os desafios atuais, a retomada de uma aproximação das comunidades junto aos bens culturais, no qual estes se apresentam como a sua realidade mais próxima. Só se valoriza aquilo que se conhece e se reconhece.