Quem são as mulheres que nomeiam os espaços públicos da cidade de Ijuí?
A partir da exposição “As mulheres que estão no mapa”, baseada em um levantamento dos registros das mulheres que nomeiam as ruas da cidade de Ijuí, decidiu-se expandir a pesquisa iniciada pelo Museu Antropológico Diretor Pestana, a fim de verificar os registros, histórias e memórias das mulheres que nomeiam outros espaços públicos, como bairros, escolas, praças e monumentos. Essa pesquisa será conduzida durante meu processo de doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Educação nas Ciências (PPGEC/UNIJUÍ), objetivando identificar quais são os determinantes que implicam na escolha de alguns sujeitos para que tenham seus nomes eternizados em espaços públicos. Sabe se, de antemão, que há muito mais nomes de homens do que de mulheres ocupando esses espaços, o que possibilita pensar nas dinâmicas de poder aplicadas às relações de gênero. O principal desafio dessa pesquisa de Tese é a escassez de registros documentais sobre as mulheres que nomeiam os espaços públicos de Ijuí em relação aos registros sobre os homens. Além da discrepância no número de homens e mulheres na nomeação desses espaços, há menos informações acerca das mulheres, principalmente sobre as ocupações que elas mantiveram em vida. Sabe-se que, baseado na exposição, grande parte das mulheres homenageadas com nomes de ruas na cidade de Ijuí eram professoras, médicas, figuras políticas, ou mães e esposas de homens considerados importantes para a sociedade. A pesquisa também buscará compreender a importância historiográfica e pedagógica da produção e conservação das memórias sobre as mulheres da nossa cidade, além de problematizar e compreender os aspectos que definem quais pessoas podem ou não ser eternizadas como nomes em espaços públicos.
Texto por Ana Laura Arnhold, doutoranda em Educação nas Ciências Unijuí.
Fotografia: Grupo de professoras Ruizinho. Coleção Família Beck, Madp.
Panorama da Indústria de Ijuí no Século XX - Década de 1920 e 1930
Com a inauguração da viação férrea em Ijuí no ano de 1911, podemos considerar que a mesma auxiliou na movimentação e expansão da economia local. Grandes estabelecimentos comerciais se faziam presentes em 1922 e a demanda de fornecimento dos produtos produzidos localmente extrapolavam a comunidade que estas fábricas estavam inseridas. Conforme os registros apontam, a Officina Boss & Hickembick, exportava uma grande e variada quantidade de obras em madeira, fornecendo também os seus produtos à frigoríficos da fronteira; a Fundição Reimann possuía um porte de produção considerável dentro do ramo, recebendo um grande número de encomendas da Serra. De modo geral, as fábricas locais forneciam produtos para Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas, e para outros estados como Rio de Janeiro e São Paulo.
Em um panorama nacional, o processo de industrialização se intensificou a partir da Grande Depressão de 1930. O economista brasileiro Celso Furtado, reforça que o desenvolvimento da indústria nos anos 30 firmou-se a partir da reação da economia e da política econômica ao desequilíbrio externo, que se seguiu à Crise do Café e à Depressão. Sobre este contexto, o economista Wilson Suzigan reafirma que a citada crise traz uma ruptura no início da década de 1930, iniciando uma era em que a industrialização do país avança em ritmo acelerado. Ainda nesta conjuntura, Suzigan aponta que a base de poder da oligarquia rural havia sido prejudicada pela crise do café, no qual a Grande Depressão arrojou a crise econômica, e a Revolução de 1930 coloca fim à hegemonia política da oligarquia. Com o capital advindo das exportações, foi possível diversificar as atividades econômicas internas e modernizando também a economia. Como apontado por Suzigan havia a necessidade de consumo: máquinas e equipamentos, implementos agrícolas, insumos, material de transporte etc. Essa questão faz com que se criem condições para o desenvolvimento industrial que suprissem a demanda local e interna.
Pelo olhar de Regina Weber podemos considerar que na história local, aqui em Ijuí, essas transformações propostas pela industrialização também refletem na fisionomia da cidade, sendo que alguns lugares que abarcam grandes estações fabris passaram a ser identificados como bairros industriais. Sobre os habitantes dessa cidade, grande parte desses trabalhadores fabris na década de 1930 e 1940 se constituem de europeus que chegaram ao Brasil nos anos de 1920 e 1930, sendo caracterizados dentro do sentido diversificado, já que alguns habitantes também são de origem rural que abandonaram o campo por algum motivo específico.
Cine Teatro Serrano
O Cine Theatro Serrano, inaugurado em 1917, se localizava ao lado da Igreja da Natividade, próximo à Praça da República e era de propriedade de Max Schamberg. Além de exibir filmes, eram apresentados espetáculos teatrais.
Em 1948 a estrutura do prédio foi modificada. A publicação noticiada pelo Jornal Correio Serrano, no dia 18 de fevereiro de 194, traz como pauta a inauguração do Cine Teatro, apresentando ao leitor a sua estrutura: “A parte interior do edifício é toda iluminada com luz fluorescente. E só a primeira platéia oferece comodidade para 600 espectadores. Lá estão, aguardando os fans dos bons filmes, nada menos de 600 confortáveis poltronas, executadas com esmero e carinho pela conhecida Fábrica de Móveis Gritsch. Além disso, a segunda platéia oferece comodidade para outros 200 espectadores.” Continuando, a notícia também destaca o equipamento de projeção: “A potente máquina de projeção marca ‘Saxônia V’, dotada da famosa lente ‘Zeiss’, também sofreu uma reforma geral, e está em condições de satisfazer o mais exigente expectador.”
A notícia finaliza trazendo o destaque para o primeiro filme em cartaz a ser exibido no Cine “A inauguração do Cine-Teatro Serrano terá lugar sexta-feira (20/02/1948), com duas sessões cinematográficas, nos seguintes horários, 19h30 e 21h15 horas, com a apresentação de uma escolhida película, intitulada: 'Quando fala o coração’.”
A remodelação do prédio do Cine-Teatro Serrano foi levada a efeito pela Construtora Leopoldo Paulo & Irmão, e o serviço de iluminação do mesmo pela firma João Tessaro. Com essas alterações, o Cine Teatro Serrano passou a ser considerado um dos mais modernos do Rio Grande do Sul. Mais tarde foi vendido à empresa Cine América.
Texto por Belair Stefanello, educadora do Museu Antropológico Diretor Pestana.
Foto: Cine Theatro Serrano, década de 1920. Foto Coleção Família Beck – Acervo Museu Antropológico Diretor Pestana.
Madp e Agit recebem recursos oriundos de emenda parlamentar
A Fidene, em especial o Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) e a Agência de Inovação e Tecnologia (Agit) da Unijuí, foi contemplada, na manhã desta sexta-feira, 19 de abril, um importante repasse de recursos a partir de uma emenda parlamentar do deputado estadual Rafael Braga. Com o montante de R$ 100 mil, os recursos são divididos igualmente entre o Madp e a Agit, e serão usados para a implementação de projetos de custeio, entre outras ações.
O repasse foi oficializado no Madp, com a presença do deputado Rafael Braga, dos vereadores Bíra Erthal e Ricardo Adamy; da coordenadora da Agit, Fabiana Simon; da coordenadora da Incubadora de Empresas de Inovação Tecnológica (Criatec), Maria Odete Palharini; da diretora do Museu, Iselda Sausen Feil; e do vice-reitor de Administração da Unijuí, professor Edson Padoin.
De acordo com o vice-reitor, o repasse de recursos e a visita do deputado é fundamental para ajudar tanto o Madp quanto a Agit. “Temos que agradecer o apoio do vereador Bíra Erthal que buscou articular a visita do deputado que nos concedeu essa emenda parlamentar que é bem significativa. É um recurso que vem muito a ajudar onde poderemos fazer um conjunto de melhorias para o Museu e incentivar novas iniciativas pensando em inovação, parcerias da Unijuí com empresas já incubadas e outras atividades dentro desse contexto da Agit e Incubadora”, destaca Padoin.
Coordenadora da Agit, Fabiana Simon ressalta que o recurso será muito importante para que sejam possíveis novos investimentos. “Todo recurso que vem é muito bom, pois possibilita investimentos em inovação e empreendedorismo, em especial para a nossa cidade, que tem um movimento cada vez mais crescente, e à Unijuí como agente local de inovação, que é uma das grandes atores no ecossistema. Tudo que vem fortalece, é reconhecimento do nosso trabalho, então estamos muito felizes”, comenta.
Já a diretora do Museu, Iselda Sausen Feil, detalha que o recurso vai ajudar bastante o espaço. “Como tudo que recebemos, tentamos devolver em produtos, resultados, que são frutos do nosso trabalho. Essa emenda é um ato simbólico, pois significa que somos vistos, lembrados e reconhecidos. Penso que não só o Museu que ganhou com o investimento, mas toda a comunidade.”
“Estamos sempre tentando trabalhar com a cultura e a educação, por isso é um prazer estar aqui. Não se faz educação e cultura sem recursos, por isso vamos encaminhar esses R$ 100 mil para a Fidene. Sabemos que não é muito recurso,mas que todo recursos é muito bem-vindo. Tentamos todos os anos isso, pois não vemos o desenvolvimento regional sem melhorar a educação e a cultura do povo. Contem comigo com recursos e políticas públicas para buscar isso”, completa o deputado Rafael Braga.
Formação Pedagógica no Museu: Professores Exploram o Acervo do MADP como Fonte de Pesquisa
No dia 17 de abril, o Museu Antropológico Diretor Pestana
(MADP) sediou a formação pedagógica "Acervo do MADP como fonte de pesquisa para a difusão do conhecimento", voltada para professoras da Educação Infantil e Anos Iniciais da Escola Francisco de Assis (EFA).
A mediadora da formação, Amanda Keiko Higashi, arquivista do Museu, recebeu o grupo de professores para discutir o acervo documental preservado pela instituição, destacando suas especificidades e potencialidades de pesquisa.
Segundo Greise Basílio Schenkel Michael, coordenadora pedagógica da EFA, a formação complementa a Jornada de Pesquisa do Centro de Educação, iniciada em abril. Ela enfatizou a importância de explorar o contexto histórico e teórico do acervo do Museu para compreender os elementos tratados nas pesquisas dos estudantes. As professoras foram incentivadas a conectar a formação com a prática, promovendo uma sequência de atividades que vai desde o lançamento até sua culminância.
Formação no Museu
Na tarde de hoje, 22 de abril, o Museu recebeu professores do Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (NEEJA) Jair Fiorin da Penitenciária Modulada de Ijuí para discutir a temática indígena em sala de aula. O encontro foi conduzido pela historiadora e educadora do Museu, Belair Stefanello, que apresentou conceitos e abordagens atualizadas para a equipe de educadores.
Adriano Ricardo Ceretta, supervisor da escola, destacou que a temática indígena é fundamental para a formação da sociedade como um todo, sendo trabalhada dentro da instituição não apenas durante a Semana dos Povos Originários, mas ao longo de todo o ano letivo. Ele ressaltou a importância de os estudantes, que são descendentes indígenas, se reconhecerem como parte dessa cultura. Adriano finalizou lembrando que o Museu é uma ferramenta essencial para buscar conhecimento sobre o assunto.
Belair Aparecida Stefanello ressaltou que muitos conceitos estão em constante mudança, e que a sociedade muitas vezes fica presa em abordagens antigas, românticas e estereotipadas, sem a devida discussão sobre o que são as culturas e como elas se transformam. Ela deixou o convite para a participação de outros grupos de professores e estudantes nessas reflexões.
Domingo no Museu promove apresentações artísticas, exposições e feira do artesanato
O Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) promoveu mais uma edição do Domingo no Museu neste final de semana. O Madp esteve aberto ao público durante a tarde de domingo, 14 abril, com ações diferenciadas. A segunda edição de 2024, contou com apresentações artísticas da comunidade que encantaram os visitantes com canções e poesias.
Já a Sala de Pesquisa do Museu recebeu a feira de artesanato, com a presença de artesãos locais e da Editora Unijuí. Para além disso, o Domingo no Museu contou com as exposições temporárias "Grafismo nas culturas indígenas brasileiras", localizada no Espaço Ijuí Hoje; "Por uma educação da não-violência dos corpos", em cartaz desde março na Sala de Exposições Temporárias; e a Exposição Itinerante “Mulheres e Poesia”, na recepção do Museu.
Segundo a diretora do Museu, Iselda Sausen Feil, o Madp tem a responsabilidade de preservar a história do passado e contribuir para a construção de um futuro melhor. " É importante dizer que o Museu não é o lugar de passado e sim, de futuro, pois aqui podemos refletir sobre a nossa história, perceber equívocos e potencializar o que é bom”, destacou.
Para o secretário de Cultura de Ijuí, José Fiorin, “o Madp é um dos espaços mais organizados do interior do Estado e do Brasil, com uma formatação de fonte de pesquisa e inspiração. O Domingo no Museu é uma excelente iniciativa para promover uma aproximação com a comunidade”, pontuou.
O vice-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Unijuí, professor Daniel Baggio, acompanhou o evento. De acordo com ele, o Domingo no Museu é muito importante e proporciona uma reflexão sobre a cultura. “As exposições que aqui estão fazem com que o Museu continue vivo. Sempre estamos com novas exposições, trazendo novidades para os visitantes e além disso, proporcionando momentos como esse, em que estamos de portas abertas no domingo, com muitas ações culturais”, finalizou.
Preservando histórias: Museu recebe a visita da equipe do Jornal À Margem
Na última semana, o Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) recebeu a equipe responsável pela produção do jornal "À Margem", elaborado pelos usuários do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas - CAPS Ad II, serviço ligado ao Hospital Bom Pastor de Ijuí. A visita teve como objetivo conhecer o espaço e realizar uma entrevista com os responsáveis pela guarda do patrimônio local. A ideia surgiu após o lançamento da última edição, em fevereiro de 2024, onde a diretora do Museu, Iselda Sausen Feil, comprometeu-se institucionalmente a preservar as edições do jornal no arquivo do Museu.
A primeira edição do jornal foi lançada em 2023, como resultado do Projeto de Estágio em Psicologia e Processos Sociais da estudante Anna Berton. Desde então, o projeto tem continuado como um trabalho conjunto entre a equipe multiprofissional e os pacientes do CAPS Ad II.
Volnei Camargo dos Santos, um dos integrantes do grupo, ficou impressionado com o sistema de arquivamento do Museu. "Ficou muito claro que tudo é muito bem cuidado. O jornal estando no Museu estará seguro e bem guardado", afirmou.
Giordani Gelatti, um dos responsáveis pelo grupo, ressaltou a importância da integração dos pacientes com a sociedade através da valorização do trabalho. "A interação social mostra que há a possibilidade de integração local. É gratificante ver o reconhecimento do processo de construção coletiva".
Durante a visita, os representantes foram conduzidos pela arquivista do Museu, Amanda Higashi, para uma visita técnica ao arquivo, onde o material posteriormente produzido será doado e acondicionado de forma qualificada, garantindo a preservação do jornal produzido pelo grupo.
Pesquisa no Museu traz um olhar sobre os registros fotográficos
Na manhã do dia 04 de abril, o Museu recebeu a turma do 8º ano do Centro de Educação Básica Francisco de Assis (EFA) para um momento de pesquisa na coleção de fotógrafos que contribuíram para a nossa região, realizando análises das imagens a partir de aspectos técnicos e históricos. A pesquisa foi conduzida pela arquivista do Museu, Amanda Higashi, e pela assistente de pesquisa Natieli Batista, as quais realizaram a seleção do material iconográfico que foi explorado, bem como a mediação junto à turma.
Janaína Feller, professora de artes da instituição, que acompanhou o desenvolvimento da pesquisa, ressalta que a experiência de estar no Museu impacta de maneira única para cada estudante. Sobre a interação com as fotografias, Evelin Oliveira, estudante da turma, comentou que estar em contato com o acervo é uma maneira de conhecer a nossa história e ver como o passado era, percebendo a evolução dos tempos.
Gravação de documentário destaca ligação entre Museu e memória indígena
Na manhã do dia 05 de abril, o Museu foi um dos espaços da gravação do documentário “Das Missões ao Rio Grande: a Tekoa Y’yrembé e o Jeguatá”, financiado pelo Edital Nº 10/2023 - Lei Paulo Gustavo - SMCEL do município. A equipe responsável escolheu o Museu devido à diversidade de objetos e informações históricas sobre os povos indígenas ali preservados.
O projeto conta com a colaboração do Cacique Mbya Guarani Eduardo Ortiz, da aldeia Tekoa Y'yrembé de Rio Grande. Durante as gravações, o Cacique Eduardo destacou sua trajetória e a migração de seu povo de São Miguel das Missões até o Rio Grande.
Leonardo Cunha, integrante do projeto, enfatizou que, ao conhecer o acervo e registrar junto ao Cacique Eduardo, é possível preservar essa memória materialmente para as próximas gerações. Ele ressaltou também como essa memória está viva no coração de cada Guarani. Além disso, Cunha destacou a importância de difundir a cultura indígena não apenas entre os Guarani, mas também entre os não-indígenas, aproveitando a oportunidade proporcionada pelo Museu.
O Cacique Eduardo Ortiz salientou que conhecer os instrumentos preservados no Museu estabelece uma conexão com aqueles utilizados pelos grupos do passado. Ele enfatizou a importância do trabalho de preservação desses objetos, como uma forma de mostrá-los às próximas gerações, tanto indígenas quanto não-indígenas.