A Exposição de Longa Duração do Museu foi aberta ao público em junho de 1997. Ela foi cuidadosamente planejada pela equipe, que ouviu profissionais de diversas áreas: historiadores, museólogos, arquitetos e artistas, entre outros, a fim de conseguir um resultado que contemplasse a história de Ijuí e região com toda sua diversidade cultural, e ao mesmo tempo fosse apresentada de uma maneira didática, dinâmica e agradável.

A primeira preocupação foi montá-la de tal maneira que a comunidade ao visitar o Museu se identificasse, se reconhecesse como pertencente àquela narrativa. Para isso, precisaria destacar aspectos de todos os povos e culturas que formaram a região, procurando não personalizar em pessoas, autoridades ou grupos étnicos. Assim, partiu-se das histórias individuais, seus testemunhos e suas memórias para contar a história de todos.

O acervo iconográfico e tridimensional selecionado, além de obedecer aos critérios técnicos de conservação, procurou atender critérios de representatividade coletiva. Assim, as peças e fotografias não foram selecionadas por pertencer a família de “fulano” ou “beltrano”, dessa ou daquela etnia, e sim por suscitar a reflexão sobre o cotidiano de homens e mulheres que construíram Ijuí. Entre um objeto exótico, curioso que existia em uma ou outra casa e um que estava presente na maioria das casas, optou-se por esse, mesmo que não fosse o mais rico ou o mais “diferente”.

Para melhor contemplar essa diversidade de olhares sobre a diversidade de Ijuí, ela foi organizada em núcleos temáticos. Os primeiros núcleos foram planejados para mostrar que a história de Ijuí começou bem antes da Colônia Ijuhy, que antes da chegada dos imigrantes, existiam muitos homens, mulheres e crianças vivendo por aqui, e que estes também tinham direito de ter suas histórias representadas, uma vez que a exemplo do que ocorreu em outras regiões do Estado, a historiografia tradicional relegou aos índios, afrodescendentes e caboclos, um papel secundário enquanto sujeitos históricos.

 

Texto: Belair Aparecida Stefanello, Educadora do Madp.

Foto: Inauguração Exposição de Longa Duração do Museu, 1997.