Madp e o Jornalismo: preservando a história e garantindo o acesso à informação
A história do Madp com o jornalismo, em Ijuí, além de rica, é longa. Fonte
inesgotável de acesso à história, o Museu sempre serviu como um berçário de ideias e,
sobretudo, um rico ambiente de pesquisa para os estudantes de jornalismo da Unijuí - e
também de Universidades de todo Estado.
Lembro-me das disciplinas de fundamentos do Jornalismo, ministradas pelo
professor Marcio Granez, que, por muitos momentos, utilizou o Madp como sala de aula.
Nestas ocasiões, nos era apresentado o acervo da exposição permanente do Museu e do
acervo documental, com objetivo de nos familiarizar com a história por meio dos registros
da constituição da imprensa em Ijuí e região. Nos era permitido manusear fotos, jornais
antigos e objetos que marcaram o fazer da imprensa, sempre sob a orientação dos
profissionais do museu.
Para os acadêmicos de Jornalismo, sempre foi uma sorte imensa poder contar com
um museu de acervo primoroso, e que contribuiu e contribui para todas as áreas do
conhecimento da universidade. O impacto disso na formação acadêmica também pode ser
comprovado na minha experiência de conclusão de curso, quando optei por seguir as
pesquisas na popularização da informação e conhecimento como um direito básico à
população. Neste sentido, aproximando aos casos da modernidade, o Madp foi citado em
minha pesquisa como uma das fontes de preservação da memória destes registros de luta
da imprensa pelo conhecimento público daquilo que era produzido e discutido no município.
No jornalismo, assim como no Madp, há o compromisso de contar a história, sempre
alicerçada na verdade e no reconhecimento daqueles que a constroem. Para os que ainda
não conhecem a história interligada entre essas duas áreas, fica o convite para conhecer o
acerto do Madp e sua importante contribuição na preservação do patrimônio da imprensa de
Ijuí e da região.
Talita Mazzola
Jornalista, especialista em marketing, redes sociais e lançamentos digitais
Coordenadora da Assessoria de Marketing da Unijuí
Museu fase II – estatuas misioneiras
As missões jesuíticas na bacia do rio Paraná – Itatim no sul do Mato Grosso, Guairá no Paraná,
Sete Povos no Rio Grande do Sul, mais Missiones na Argentina e o Paraguai – constituíram ao
longo de quase 180 anos (1609-1785), uma singular experiência civilizatória que Charles Lugon
denominou “A República Comunista Cristã dos Guaranis”. Na margem esquerda do Rio
Uruguai, hoje Rio Grande do Sul, situavam-se os 7 povos, destruídos, todos, por ocasião da
guerra que Espanha e Portugal moveram contra os Guarani nos anos 1753-56.
Derrotados e expulsos os Guarani restaram as ruínas dos 7 Povos que foram incendiadas,
saqueadas e depois abandonadas, tomadas pelo mato. Só a partir de 1930, com a criação do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, é que estas “missões” passam a
ser reconhecidas como parte constitutiva do patrimônio histórico e cultural brasileiro. Dentre
as iniciativas resultantes deste reconhecimento ressalta o trabalho de identificação, e coleta,
de artefatos jesuítico-guaranis, em especial estátuas e objetos de culto que adornavam as
igrejas missioneiras. São estátuas de anjos, santos, Nossa Senhora, Jesus crucificado, além de
castiçais e outros objetos. Tudo esculpido em madeira. Ora pequenas estátuas, ora grandes
imagens compostas de várias peças cuidadosamente encaixadas. Trabalho de artesãos
indígenas ou de artesãos europeus. Duzentos anos após a destruição dos 7 Povos estas
estátuas missioneiras resistem! Estão aí como testemunhas a um só tempo silenciosas e
eloquentes do que foi a experiência protagonizada pelo povo Guarani.
Parcela significativa do que restou da destruição compõe hoje o acervo do Museu das Missões
em São Miguel das Missões, muito embora outros museus e algumas igrejas abriguem imagens
missioneiras. É o caso do Museu Antropológico Diretor Pestana que tem sob sua guarda
imagens de Nossa Senhora de Loreto, Nossa Senhora da Glória, Santo Isidro, um Anjo, afora
outros objetos em madeira, cerâmica ou pedra. São peças únicas, valiosíssimas, que muito
valorizam o acervo do Museu.
Texto por: Jaeme Luiz Callai. Professor de História - UNIJUI
A MEMÓRIA DOCE: FABRICA DE BALAS SOBERANA
Em Ijuí, a expansão do comércio e produção fabril acontece em um momento em que já se tem um mercado consumidor regional e nacional. Como destaca Weber (1987) os produtos locais conseguem atingir um mercado para além do local, por meio das ferrovias e dos sistemas rodoviários em constituição. Conforme identificado no Relatório Municipal de 1936, diversos produtos eram exportados por intermédio da viação férrea, apesar dos valores serem modestos, estão o café, laticínios, farinhas, óleos, entre outros.
Com este fortalecimento da movimentação da economia por meio da comercialização advindas da produção, importação e exportação. Várias fábricas ligadas à transformação de produtos primários começam a se formar nos primeiros tempos de Ijuí. A partir deste contexto, a indústria de Ijuí começa a se organizar e se fortalecer.
Um dos exemplos de uma indústria com histórico longevo, que pode ser situada nesta conjuntura, é a Fabricia de Balas Soberana. Bruno Henrique Bergel, chegou em Ijuí em 1918 e no ano seguinte começou uma pequena fábrica de balas chamada Fábrica de Caramelos HB. Após um incêndio em 1923 que destruiu todo o prédio de madeira, ergueu no lugar outro de alvenaria. Na década de 1940, a empresa adota o nome de Fábrica de Balas Soberana.
No ano 1952, começou a produzir em escala industrial com máquinas importadas da Inglaterra e da Holanda. No final da década de 70 a fábrica inicia a exportação para países da América Latina e para os Estados Unidos.No ano de 1997 novos investidores adquiriram a fábrica e seu nome passou para uma nova denominação: Soberana Indústria de Balas Ltda. Em 08 de novembro de 2000 um incêndio destrói parte do prédio da “Fábrica de Balas” e esta passa a funcionar em novo endereço.
Texto por Belair Stefanello e Fabricio de Souza, colaboradores do Madp.
Fábrica de Balas Soberana Henrique Bergel S.A, década de 1980. Acervo Madp.
ontes consultadas:
CALLAI, Jaeme; STEFANELLO, Belair Aparecida. Imigração no noroeste do Rio Grande do Sul. Museu Antropológico Diretor Pestana, 2015
WEBER, Regina. Os inícios de Industrialização em Ijuí. Ijuí: Livraria UNIJUÍ Editora, 1987
Harmônio
Harmônios são instrumentos musicais de teclados com fole, com funcionamento muito similar ao de um órgão, e o som parecido com o do acordeão. Embora tenham sido inventados para uso doméstico, tornaram-se instrumentos típicos em igrejas, por seu tamanho e preço. Em Ijuí foram tradicionais até meados dos anos 70 para acompanhamentos de coros. Alguns desses encontram-se hoje no Museu.
Para exemplificar mostramos dois casos distintos:
Um dos harmônios foi fabricado nos Estados Unidos pela Estey Organ Co. Brattleboro Ut e doado em 1922 pela Lutheran Church - Missouri Synod para a Comunidade Evangélica Luterana Emanuel, por ocasião da sua fundação. Em 1978 o harmônio foi doado a Congregação Evangélica Luterana Concórdia, da Linha 3 Oeste, hoje, Bairro Morada do Sol, e em 1994 foi doado ao Museu.No acervo museológico há também dois harmônios fabricados em Ijuí por Reinaldo Golnik. Reinaldo, imigrante, nascido na Rússia, de onde emigrou para a China, ficou viúvo em 1932, e segundas núpcias foram com Alvina Golnik. Migraram para o Brasil.
Reinaldo e Alvina vieram para Ijuí e estabeleceram-se numa Chácara na Linha 2 Oeste (onde hoje está o Edifício Tarumã, na rua do Comércio), de onde tiravam parte do sustento dos sete filhos do casal, todos nascidos em Ijuí. Para incrementar a renda familiar, Reinaldo montou uma marcenaria onde fabricava instrumentos musicais: harmônios, rabecões, gaitas, violinos, cítaras, violões, entre outros. Na década de 50, não conseguindo competir com os instrumentos industrializados, produzidos em série, vindos dos grandes centros, parou de fabricar instrumentos musicais e abriu uma oficina de chapeamento de carro e fábrica de carrocerias, ramo no qual seus descendentes permanecem até hoje.Reinaldo era um exímio músico, sabia tocar todos os instrumentos que fabricava.
Os harmônios ijuienses foram fabricados na década de 1940 e doados pela 1ª Igreja Batista de Ijuí e pela Sociedade de Amparo e Bem Estar da Velhice (Sabeve).
Ford 1927 – “Jabureca” e o gasogênio
Ijuí, como no restante da região, o transporte começou a “lombo de burro” em precárias picadas. Logo a seguir, vieram as carroças puxadas por animais e em 1911 chegava a estrada de ferro.
A introdução de veículos automotores, de linhas de ônibus municipais e intermunicipais e, mais recentemente, a pavimentação das estradas foram fundamentais para o desenvolvimento de Ijuí.
O Madp possui em seu acervo um exemplar de carro que foi um ícone na linha de veículos automotores: um Ford 1927, conhecido como “Jabureca”.
Adquirida por Estanislau Dziobezinski, em 1936, de segunda mão de Darnes Beal, a Jabureca era usada em viagens pela região para venda dos objetos fabricados na Cutelaria da Família Dziobezinski.Quando não estava em “serviço” era usada para passear, ir a bailes no interior e municípios vizinhos e como “transporte de luxo” em casamentos.
Por volta de 1940, devido ao racionamento de gasolina, o motor original foi substituído por um Chevrolet 4 cilindros e adaptado para uso com gasogênio à lenha. Outras modificações também foram feitas para adequar às necessidades do dono, que fabricava principalmente plantadeiras manuais.O Ford 1927 doado pela família Dziobezinski está exposto na Sala de Exposição de Longa Duração juntamente com um gasogênio que pertenceu a Raul Veríssimo Porciúncula e doado por Nilton Marcondes Porciúncula.O Sr. Raul usava o gasogênio em um Chevrolet, modelo 1937, mas podia ser usado em qualquer tipo de veículo: carro, camionete, caminhão e até mesmo ônibus.
Ressalta-se que o gasogênio foi inventado na década de 1920, pelo francês Georges Imbert e foi usado em diferentes partes do mundo. No Brasil, foram fundamentais durante a 2ª Guerra Mundial quando as importações de petróleo foram drasticamente reduzidas, ameaçando nosso transporte de um colapso. A saída encontrada foi fazer adaptações nos veículos movidos à gasolina, que passaram a usar o gasogênio, aparelho que produz combustível pela queima de carvão e madeira.
Texto adaptado por Belair Aparecida Stefanello, educadora do Museu Antropológico Diretor Pestana.
Fotografia: Ford 1927 presente na Exposição de Longa Duração do Madp. Visite!
A primeira fase da Praça da República
O nome da Praça da República foi uma homenagem à recém proclamada República do Brasil, em 1889. O terreno para sua construção estava presente na planta inicial da Colônia Ijuhy, mas durante o período de colônia a única intervenção feita foi a retirada na mata nativa do espaço. Com a emancipação política em 1912, uma das primeiras providências do Coronel Dico foi trabalhar o espaço urbano de Ijuhy. Coube a Francisco Berenhauser, em 1913, implementar o projeto arquitetônico e urbanístico da Praça, com canteiros e caminhos geométricos, com plantio de espécies exóticas como os plátanos, por exemplo.
Uma das curiosidades sobre o espaço que pode ser observado a partir dos registros fotográficos do período é a construção de uma cerca de arame ao redor da praça, evitando assim a entrada e circulação dos animais que circulavam pela Vila, no qual poderiam danificar o paisagismo.A fotografia apresenta o sentido sul-norte, no inverno. Ao fundo, as primeiras edificações, com destaque para a Igreja Evangélica.
Texto: Belair Aparecida Stefanello, educadora do Museu Antropológico Diretor Pestana.
Fantasmacópio
A lanterna mágica, também conhecida como fantasmacópio, é considerada a precursora do cinema e tem sua origem na câmera escura. Embora haja várias teorias sobre seu surgimento, a sua invenção é atribuída ao físico e astrônomo holandês Christiaan Huygens, no Século XVII.
Mas porque Fantasmacópio?
Na Europa do século XVIII até o início do Séc. XX, artistas usavam a lanterna mágica como uma forma de entretenimento visual: invocavam o sobrenatural projetando imagens de supostos espíritos em meio a misteriosas encenações chamadas “fantasmagoria”, que eram populares entre a nobreza e também entre a plebe em geral.
O Museu possui uma lanterna mágica, ela é do final do século XIX e foi fabricada na Alemanha. Pertenceu à família de Otto Rüdell, antigo médico de Augusto Pestana, e era usada para projetar histórias infantis. Foi doada pela filha do Dr. Otto, Hedwig Wernich, residente em Rockenberg – Alemanha, juntamente com chapas de vidro pintadas à mão com gravuras de temas infantis. Sua estrutura é relativamente simples: um cilindro de metal com lente para projeção das chapas de vidro. Na parte oposta à lente possui uma porta para colocação de lamparina de querosene e na parte superior uma chaminé para saída de fumaça. A luz interna produzida por uma lamparina projeta pela lente a imagem em uma superfície branca e lisa (como os projetores de slides).
Texto: Belair Aparecida Stefanello, educadora vinculada ao Madp.
Fotografia: Lanterna mágica preservada pelo Museu Antropológico Diretor Pestana em espaço expositivo.
O transporte na colônia
Nos encontramos em um período da história, onde usamos e observamos meios de transporte movidos a combustível, queima de materiais, fumaça, buzinas e congestionamentos. Uma cena quase caótica. Porém, nos primórdios de nossa cidade, os cidadãos se locomoviam como a época ditava: força animal. Cavalos e carroças, o transporte seja de pessoas ou de cargas, passava por esses personagens, a implementação dos animais na forma de se locomover era a saída lógica para o período.
O uso da roda como tecnologia, em conjunto do poder de resistência dos animais, fazia a paisagem das ruas e dos viajantes, pelo menos até 1911, com a chegada do trem na colônia. Só se transportava mercadorias sobre carroças, e só se deslocava com elas também. Independente do poder aquisitivo da família, ou do propósito de trabalho do sujeito, a força animal estava sempre presente, das charretes mais luxuosas para viagem, até os comboios de cargas para o comércio.
Cavalos e mulas são protagonistas de quase todo transporte e expedição feito por terra, na região, no Estado, País, e no mundo, até meados do século XX, onde a invenção dos automóveis e a chegada do trem afastou os animais do serviço, parcialmente.
Aliado da produção, o meio de transporte é um fator que moldou o desenvolvimento da cidade, a velocidade de locomoção, a facilidade e o acesso da população, foram definindo os caminhos para o crescimento de Ijuí.
No Museu você encontra mais registros sobre a temática, e também acompanhará futuramente nas redes do Madp uma série especial dedicada aos diferentes meios de transportes, de Ijuhy Colônia até os tempos atuais.
Texto: Giordano Toniazzo, estagiário vinculado ao Madp.
Quem são as mulheres que nomeiam os espaços públicos da cidade de Ijuí?
A partir da exposição “As mulheres que estão no mapa”, baseada em um levantamento dos registros das mulheres que nomeiam as ruas da cidade de Ijuí, decidiu-se expandir a pesquisa iniciada pelo Museu Antropológico Diretor Pestana, a fim de verificar os registros, histórias e memórias das mulheres que nomeiam outros espaços públicos, como bairros, escolas, praças e monumentos. Essa pesquisa será conduzida durante meu processo de doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Educação nas Ciências (PPGEC/UNIJUÍ), objetivando identificar quais são os determinantes que implicam na escolha de alguns sujeitos para que tenham seus nomes eternizados em espaços públicos. Sabe se, de antemão, que há muito mais nomes de homens do que de mulheres ocupando esses espaços, o que possibilita pensar nas dinâmicas de poder aplicadas às relações de gênero. O principal desafio dessa pesquisa de Tese é a escassez de registros documentais sobre as mulheres que nomeiam os espaços públicos de Ijuí em relação aos registros sobre os homens. Além da discrepância no número de homens e mulheres na nomeação desses espaços, há menos informações acerca das mulheres, principalmente sobre as ocupações que elas mantiveram em vida. Sabe-se que, baseado na exposição, grande parte das mulheres homenageadas com nomes de ruas na cidade de Ijuí eram professoras, médicas, figuras políticas, ou mães e esposas de homens considerados importantes para a sociedade. A pesquisa também buscará compreender a importância historiográfica e pedagógica da produção e conservação das memórias sobre as mulheres da nossa cidade, além de problematizar e compreender os aspectos que definem quais pessoas podem ou não ser eternizadas como nomes em espaços públicos.
Texto por Ana Laura Arnhold, doutoranda em Educação nas Ciências Unijuí.
Fotografia: Grupo de professoras Ruizinho. Coleção Família Beck, Madp.
Panorama da Indústria de Ijuí no Século XX - Década de 1920 e 1930
Com a inauguração da viação férrea em Ijuí no ano de 1911, podemos considerar que a mesma auxiliou na movimentação e expansão da economia local. Grandes estabelecimentos comerciais se faziam presentes em 1922 e a demanda de fornecimento dos produtos produzidos localmente extrapolavam a comunidade que estas fábricas estavam inseridas. Conforme os registros apontam, a Officina Boss & Hickembick, exportava uma grande e variada quantidade de obras em madeira, fornecendo também os seus produtos à frigoríficos da fronteira; a Fundição Reimann possuía um porte de produção considerável dentro do ramo, recebendo um grande número de encomendas da Serra. De modo geral, as fábricas locais forneciam produtos para Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas, e para outros estados como Rio de Janeiro e São Paulo.
Em um panorama nacional, o processo de industrialização se intensificou a partir da Grande Depressão de 1930. O economista brasileiro Celso Furtado, reforça que o desenvolvimento da indústria nos anos 30 firmou-se a partir da reação da economia e da política econômica ao desequilíbrio externo, que se seguiu à Crise do Café e à Depressão. Sobre este contexto, o economista Wilson Suzigan reafirma que a citada crise traz uma ruptura no início da década de 1930, iniciando uma era em que a industrialização do país avança em ritmo acelerado. Ainda nesta conjuntura, Suzigan aponta que a base de poder da oligarquia rural havia sido prejudicada pela crise do café, no qual a Grande Depressão arrojou a crise econômica, e a Revolução de 1930 coloca fim à hegemonia política da oligarquia. Com o capital advindo das exportações, foi possível diversificar as atividades econômicas internas e modernizando também a economia. Como apontado por Suzigan havia a necessidade de consumo: máquinas e equipamentos, implementos agrícolas, insumos, material de transporte etc. Essa questão faz com que se criem condições para o desenvolvimento industrial que suprissem a demanda local e interna.
Pelo olhar de Regina Weber podemos considerar que na história local, aqui em Ijuí, essas transformações propostas pela industrialização também refletem na fisionomia da cidade, sendo que alguns lugares que abarcam grandes estações fabris passaram a ser identificados como bairros industriais. Sobre os habitantes dessa cidade, grande parte desses trabalhadores fabris na década de 1930 e 1940 se constituem de europeus que chegaram ao Brasil nos anos de 1920 e 1930, sendo caracterizados dentro do sentido diversificado, já que alguns habitantes também são de origem rural que abandonaram o campo por algum motivo específico.