1961-2023. O Museu Antropológico Diretor Pestana completa 62 anos de existência. É hora de, nos próximos meses, em encontros semanais, reafirmar seus princípios, prestar contas de suas realizações, projetar a continuidade por futuras décadas.
Quando da comemoração dos 40 anos do Museu numa reflexão-retrospectiva permitiu dizer: “Num momento em que Brasil vivia a explosão do novo – a modernização da agricultura regional, a construção de Brasília, a renovação das artes brasileiras, quando toda sociedade respirava a renovação, a revolução dos costumes, com um olhar para a frente, na euforia da construção do futuro eis que é criado um museu. Um museu para guardar coisas velhas? Um museu para cristalizar, fossilizar o passado? Por certo que não…”
Mas, qual era a proposição inicial? O melhor é “ouvir” o que seu idealizadores diziam, em 1961, no jornal Correio Serrano, na Rádio Repórter, no programa “Nossas coisas, nossa gente”:
Martin Fischer, seu primeiro diretor, assim apresentava o Museu: “sua tarefa é colecionar e guardar documentos oficiais e particulares, de qualquer espécie, que tem relação com a história, com a cultura e os costumes de seus habitantes. Uma seção de máxima importância será o arquivo do Museu, ele conservará esses documentos e objetos em arquivos e coleções para as gerações atuais e futuras.
… o Museu precisa, para seus fins, da colaboração intensa dos cidadãos da região…(peço) a colaboração de cada possuidor de documentos antigos, cartas, fotografias, bem como objetos antigos, que doem ao Museu. Várias pessoas já tiveram a gentileza de atender os apelos contribuindo com material valioso para as coleções do museu…”
Mario Osorio Marques, Frei Matias, idealizador e incentivador, se manifestava: “fundaremos um museu para a preservação das coisas significativas do passado – para que sejam guardadas e que sejam postas à disposição dos que desejarem estudar ou simplesmente conhecer. Um documento antigo, uma fotografia, instrumentos de trabalho, objetos de uso caseiro. Tudo aceitamos em nome da cultura e das tradições de nossa gente. Dispersas muito perdem de seu valor e significado. Reunidas, se conservarão e cada qual contará às gerações, presentes e futuras, um episódio de nossa história, um pedaço de nossa vida.”
Passados estes 60 anos cada visitante, cada usuário, cada pesquisador, seus funcionários e dirigentes, a própria comunidade ijuiense e regional podem avaliar em que profundidade e extensão o Museu tem cumprido com os objetivos que orientaram sua criação. A “colaboração intensa dos cidadãos da região” como propunha Martin Fischer tem sido uma constante; seu acervo está à disposição dos que desejarem estudar ou simplesmente conhecer”.
Por certo ele não reúne “coisas velhas”, mas sim um pedaço de nossa vida e da vida de nossos ancestrais.
Texto por: Jaeme Luiz Callai, Professor de História UNIJUÍ.
Fotografia: Museu Antropológico Diretor Pestana.